Um novo estudo, cujo resultado foi tornado público há alguns dias pelo Barna Group, indica seis razões diferentes para este êxodo juvenil. Os pesquisadores do Barna Group apresentaram seus questionários a uma variedade de pessoas: jovens, adultos, adolescentes, jovens pastores evangélicos e seus colegas mais idosos. A pesquisa teve uma
extensão de período de tempo muito longa: cinco anos.
O primeiro problema: as igrejas dão a sensação de serem “excessivamente protetoras”.
Quase um quarto dos jovens, na faixa de idade dos 18 aos 29 anos, responderam que “os
cristãos demonizam tudo o que não tem a ver com a Igreja”, na maior parte dos casos.
22% declararam que as Igrejas ignoram os problemas do mundo real, 18% afi rmaram que
sua Igreja parecia muito preocupada com o impacto negativo dos fi lmes, da música e dos
videogames.
Aprofundando mais, descobriu-se que muitos jovens adultos sentem que sua experiência do cristianismo é superfi cial, pouco intensa. Um terceiro grupo juvenil entrevistado afi rmou que “a Igreja é chata”. 20% dos que participaram da pesquisa como adolescentes, afi rmaram que Deus parece estar ausente de sua experiência de igreja.

Alguns fazem uma crítica à sua correspondente Igreja: as confi ssões às quais pertenciam ou às quais ainda pertencem são muito “simples” ou julgam de um modo muito fácil quando se toca a questão da sexualidade. 17% dos jovens cristãos afi rmam “que cometeram erros, e que se sentem julgados pela Igreja por causa deles”. Dois de cada cinco jovens adultos cristãos afi rmam que os ensinamentos da Igreja sobre o controle da natalidade e sobre o sexo “são antiquados”. A quinta razão que o estudo aponta para explicar o êxodo das Igrejas cristãs é que muitos jovens adultos lutam contra o problema da exclusividade do cristianismo. 29% dos jovens cristãos declararam que “as Igrejas têm medo do que as outras fés acreditam”, e sentem o dever de escolher entre seus amigos e sua fé. A sexta e última razão assinalada pelo estudo sobre as razões pelos quais os jovens
se afastam das Igrejas reside no fato emocional. Ou seja, sentem que a Igreja “é pouco amistosa em relação às pessoas que têm dúvidas”. Mais de um terço dos jovens adultos declararam que é impossível, na Igreja, fazer perguntas sobre as questões mais urgentes da vida e 23% admitiram que “tem dúvidas intelectuais signifi cativas” sobre a sua fé.
Do estudo nasceu um livro, cujo autor é David Kinnaman, presidente do Barna Group, com um título bastante indicativo: “You Lost Me: Why Young Christians Are Leaving Church...
and Rethinking Faith” (Me perdeste: por que os jovens cristãos abandonam e mudam de ideia sobre a Igreja). E Kinnamam indica que um dos problemas pode residir no fato de que as Igrejas estão estruturadas e dirigidas a jovens adultos “tradicionais”.
“Mas a maior parte dos jovens adultos já não seguem o caminho tradicional de sair de casa, procurar um emprego, casar-se e ter fi lhos, tudo isso antes dos 30 anos. Estes acontecimentos foram retardados, deslocados para outra fase e inclusive às vezes eliminados
Muitos abandonam, mas nem sempre de maneira defi nitiva; o abandono é temporal, ou
parcial. 34% dos que decidiram voltar, afi rmam “Simplesmente queria voltar”; 28%: “Ouvi o apelo de Deus que me dizia que voltasse à Igreja”.
Fonte: IHU
do radar dos jovens adultos”. O estudo do Barna Group é confi rmado por outros dados. Um estudo realizado pela Life Way Reaserch mostra que dois terços dos jovens adultos que participam com regularidade de uma Igreja protestante (isto é, algumas vezes por mês durante pelo menos um ano seguido), deixaram de fazê-lo entre os 18 e 22 anos. Muitos retornam, e participam novamente,inclusive de maneira esporádica; mas 34% declararam que não retornaram antes de cumprir 30 anos. “Circulam muitos números alarmantes sobre o abandono da Igreja. E agora quisemos fazer um estudo que nos desse uma imagem clara da situação, e seguramente há más notícias, mas também soluções importantes que podem ser encontradas. Se sabemos o motivo pelo qual as pessoas se afastam, podemos mover-nos melhor para entrar em contato com estas pessoas”, disse Ed Stetzer, diretor da Life Way Reaserch, organismo da Southern Baptist Convention. A maior parte dos abandonos está relacionada a mudanças na vida; o que podem também fazer supor uma certa superfi cialidade na aproximação da fé. Por exemplo, a entrada na universidade, e consequentemente o afastamento físico da igreja à qual se pertence foi o motivo pelo qual um quarto dos jovens se afastou. “Quando as mudanças misturam as prioridades e o tempo na vida dos jovens adultos, é o momento de se comprometer na vida da Igreja, muitos não se sentem bem-vindos nem comprometidos”, afi rma Stetzer. Mais de 52%, no entanto, afi rmaram que “as crenças éticas, políticas ou religiosas” contribuíram para o abandono. 18% declararam que não estão de acordo com a “posição da Igreja em temas políticos e sociais; 16% não queriam identifi car-se com uma igreja ou com uma religião organizada; e 14% haviam observado que os membros da igreja “estavam inclinados a fazer juízos ou eram hipócritas”; enquanto 20% não se sentiam “em sintonia com os membros da minha Igreja”. Por que os jovens abandonam a Igreja?
É sabido que muitos jovens deixam de ser frequentadores ativos da Igreja.
O livro You Lost Me: Why Young Christians are Leaving the Church... and Rethinking Faith [“Fui! - Por que jovens cristãos estão abandonando a Igreja... e repensando a fé”], da Baker Books, analisa uma vasta pesquisa estatística do Grupo Barna para descobrir quais são as razões que levam os jovens para longe da Igreja.

1. As igrejas têm um envolvimento ativo com os adolescentes, mas depois da crisma, muitos deles param de ir à igreja. Poucos se tornam adulto seguidores de Cristo.
2. As razões pelas quais as pessoas abandonam a Igreja são diversificadas: é importante não generalizar sobre as novas gerações.
3. As igrejas têm dificuldade para formar a próxima geração a seguir a Cristo por causa de uma cultura em constante mudança.
Kinnaman explicou que não se trata de uma diferença de gerações. Não é verdade que os adolescentes de hoje sejam menos ativos na Igreja do que os de épocas anteriores. Aliás, quatro em cada cinco adolescentes na América do Norte, por exemplo, ainda passam parte da infância ou da adolescência numa congregação cristã ou numa paróquia. O que acontece é que a formação que eles recebem não é profunda o suficiente, e desaparece quando os jovens chegam à casa dos 20 anos de idade.
Para católicos e protestantes, a faixa etária dos vinte é a de menos compromisso cristão, independentemente da experiência religiosa vivida.
O principal problema é o da relação com a Igreja. Não necessariamente os jovens perdem a fé em Cristo; o que eles abandonam é a participação institucional.
Um fator importante que influencia a juventude é o contexto cultural em que ela vive. Nenhuma outra geração de cristãos, disse Kinnaman, sofreu transformações culturais tão profundas e rápidas.
Nas últimas décadas houve grandes mudanças na mídia, na tecnologia, na sexualidade e na economia. Isto levou a um grau muito maior de transitoriedade, complexidade e incerteza na sociedade.
Kinnaman usa três conceitos para descrever a evolução dessas mudanças: acesso, alienação e autoridade.
Em relação ao acesso, ele salienta que o surgimento do mundo digital revolucionou a forma como os jovens se comunicam entre si e obtêm informações, o que gerou mudanças significativas na forma de se relacionarem, trabalharem e pensarem.
Há nisso um lado positivo, porque a internet e as ferramentas digitais abriram imensas oportunidades para difundir a mensagem cristã. No entanto, também há mais acesso a outros pontos de vista e outros valores culturais, mas com redução da capacidade de avaliação crítica.
Sobre a alienação, Kinnaman observa que muitos adolescentes e jovens adultos sofrem de isolamento em suas próprias famílias, comunidades e instituições. O elevado índice de separações, divórcios e nascimentos fora do casamento significa que um número crescente de pessoas crescem em contextos não-tradicionais, ou seja, onde a estrutura familiar é carente.
De acordo com Kinnaman, muitas igrejas não têm soluções pastorais para ajudar efetivamente aqueles que não seguem a rota tradicional rumo à vida adulta.
Além disso, muitos jovens adultos são céticos quanto às instituições que moldaram a sociedade no passado. Este ceticismo se transforma em desconfiança na autoridade.
A tendência ao pluralismo e à polêmica entre idéias conflitantes tem precedência sobre a aceitação das Escrituras e das normas morais.
Kinnaman observa que a tensão entre fé e cultura e um intenso debate também podem ter um resultado positivo, mas requerem novas abordagens pelas igrejas.
Ao analisar as causas do afastamento dos jovens das igrejas, Kinnaman admite que esperava encontrar uma ou duas razões principais, mas descobriu uma grande variedade de frustrações que levam as pessoas a esse abandono.
Alguns vêem a igreja como um obstáculo à criatividade e à auto-expressão. Outros se cansam de ensinamentos superficiais e da repetição de lugares-comuns.
Os mais intelectuais percebem uma incompatibilidade entre fé e ciência.
Por último, mas não menos importante, tem-se a percepção de que a Igreja impõe regras repressivas quanto à moralidade sexual. Além disso, as tendências atuais a enfatizar a tolerância e a aceitação de outras opiniões e valores colidem com a afirmação do cristianismo de possuir verdades universais.
Outros jovens cristãos dizem que sua igreja não permite que eles expressem dúvidas, e que as eventuais respostas a essas dúvidas não são convincentes.
Kinnaman também descobriu que, em muitos casos, as igrejas não conseguem educar os jovens em profundidade suficiente. Uma fé superficial deixa adolescentes e jovens adultos com uma lista de crenças vagas e uma desconexão entre a fé e a vida diária. Como resultado, muitos jovens consideram o cristianismo chato e irrelevante.
No final do livro, Kinnaman fornece recomendações para conter a perda de tantos jovens. É necessária, segundo ele, uma mudança na maneira como as gerações mais velhas encaram as gerações mais jovens.
Kinnaman pede ainda a redescoberta do conceito teológico de vocação, para se promover nos jovens uma consideração mais profunda sobre o que Deus quer deles.
Finalmente, o autor destaca a necessidade de enfatizar mais a sabedoria do que a informação. "A sabedoria significa a capacidade de se relacionar bem com Deus, com os outros e com a cultura".
Pe. John Flynn, LC, fonte: www.zenit.org
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POR QUE OS JOVENS CRISTÃOS ABANDONAM AS IGREJAS
Três de cada cinco jovens cristãos, mais ou menos, se afastam da fé e abandonam
suas igrejas de origem. Isso, geralmente, acontece por volta dos 15 anos. É um fenômeno comum, que tem diversos graus, com todas as confi ssões religiosas cristãs do ocidente, na Europa e nos Estados Unidos. E a grande pergunta é: por que isso acontece, e por que com esta frequência?
A reportagem é de Marco Tosatti e está publicada no sítio Vatican Insider, 10-10-2011.
A tradução é do Cepat.